“Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, encontrei os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!” (Salmo 84:1-3).

Certo dia, eu estava limpando o madeiramento do telhado da varanda e lá no cantinho encontrei um ninho de pardal. Aquele emboladinho de palhas me incomodou, porque passarinhos deixam sujeiras no chão, mas como havia ali um ovo em desenvolvimento, decidi não interferir no sossego do bichinho.

Então, construí uma casinha de passarinho e a coloquei próxima daquele ninho, esperando que a mamãe pardal se interessasse pela minha engenhoca. Mas minha obra de arte só serviu para decorar a varanda, pois foi rejeitada pelo passarinho, que preferiu continuar no seu emboladinho de palha. Então pensei: que pena!

Pássaros constroem seus próprios ninhos e leva tempo, até se acostumarem com mudanças circunstanciais. Pessoas também são assim. Essa experiência me fez lembrar de um vizinho que convidei para ir à igreja, o qual, até me pediu oração, mas nunca correspondeu ao meu convite. Pessoas são como passarinhos, pois ensinar as pessoas sobre o amor de Deus, também leva tempo.

No Salmo 84, o autor admira o templo, da mesma forma quando ficamos muito felizes em estar na igreja. Imagino o poeta avistando um ninho de pardal na parte superior do átrio do templo, bem no lá no cantinho. Mas ao contrário de mim, que não gostei de dividir o espaço com o pássaro que suja a varanda­­, o salmista se encanta com a presença da frágil criatura e diz: este lugar é tão amável, que “até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhotes”.

Na antiguidade, o Tabernáculo significava para Israel, a habitação do Altíssimo na Terra. Nos tempos de Salomão, o templo era uma das principais referências de fé. E quando Israel se dividiu, multidões peregrinavam até o templo em Sião, para adorar a Deus. O esplendor do edifício produzia coragem nos guerreiros e inspiração no salmista, o qual declara: “um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade” (Salmos 84:10).

Mas na plenitude dos tempos, Jesus transfere a prática devocional apegada ao espaço físico sagrado, para âmbito espiritual, cultivando no coração da pessoa: o verdadeiro adorador, que adora em espírito e em verdade (João 4:21,23). A partir deste entendimento, o templo do Espírito Santo veio habitar dentro de nós, nos fazendo “suspirar pelos átrios” desse convívio abençoador com o Pai do Céu, como se fôssemos um pardal que encontra sua morada ideal ou uma andorinha que encontra o lugar perfeito, para fazer seu ninho e criar seus filhotes. Desta forma, encontramos na igreja, a paz dos “altares“ do Senhor.

Que bom será, se esta reflexão bíblica nos fizer lembrar que a Casa de Deus é um lugar de acolhimento, onde encontramos um lugar para fazer ninho e sermos alimentados pela Palavra do Senhor.

Seja todos bem-vindos a Casa de Deus!

Escrito por:
Rev. Ailton de Oliveira