“Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia. As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo. Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros” (Joel 2:23-25).
Em junho de 2020, falavam os jornais sobre uma nuvem de gafanhoto de quase 20km², que devastou diversos campos na Argentina, causando prejuízos na agricultura, no mercado e na economia. Por precaução, o governo brasileiro decidiu pulverizar as áreas de fronteira com o país vizinho, caso os gafanhotos entrassem no Brasil. Esse fenômeno natural deixou milhões de pessoas alarmadas, mas graças a Deus, os gafanhotos estavam de passagem.
O Livro de Joel faz referência à nuvem de gafanhotos que devastou o Sul de Israel, região ocupada por uma sociedade totalmente dependente da agricultura e incapaz de se proteger, diante das forças da Natureza. A primeira coisa ruim que eles viram acontecer, foram as lagartas que cortaram os frutos, fazendo com que se estragassem antes de serem colhidos; em seguida, veio a nuvem do gafanhoto migrador consumindo toda plantação que encontravam pelo caminho; depois, os gafanhotos já adultos e em fase de reprodução, devoraram o que havia sobrado, com apetite voraz; e por fim, apareceu o gafanhoto destruidor (pulgão), filhotes saindo dos ovos para sugar a seiva das plantas, deixando a terra vazia e infértil.
Vendo tanta tragédia, o profeta usa o cenário de crise econômica, para elucidar a todos, sobre a crise moral e espiritual em que o povo de Deus estava afundado, ou seja, Joel tentava explicar que, abandonar o Deus que cuida da terra e de todos, foi o grande erro do povo, pois assim como a chegada dos gafanhotos causou a falta de comida na mesa, falta de alimento para os animais, muita pobreza e morte, outros males ainda poderiam surgir, se o povo não se arrependesse da rebeldia e se reconciliasse com o Pai do Céu.
A expressão "Dia do Senhor" usado pelo profeta, significava: justiça divina na Terra, para corrigir os pecadores. Contudo, Joel passa a falar da misericórdia do Deus que, teve a iniciativa de promover a reconciliação e a restauração daqueles que perderam as expectativas de sustento e alegria de viver, porque o Deus é um Deus de amor.
As notícias ruins foram então, trocadas por palavras de esperança, apontando providências para aquele contexto temporal, mas visando também, a concretização futura da esperança messiânica, centrada na pessoa de Jesus Cristo.
Nas palavras do profeta, a imagem da terra seca, torna-se em perspectiva de chuva temporã, aquela que vem antes da estação das chuvas, que prepara a terra para receber a semente. A visão da terra devastada, torna-se em expectativa de chuva serôdia, aquela que permanece depois da estação das chuvas. Deus promete a fartura de trigo, de vinho e de azeite. Então, o homem que confia em Deus, volta a sorrir.
Temos visto nos telejornais, histórias de pessoas que perderam casa e entes queridos em tragédias naturais ou desastres provocados por outra pessoa. Bens que levaram muitos anos até serem conquistados, de repente podem ser roubados de nós ou desaparecerem sem explicação. A figura do gafanhoto é apenas uma ilustração, para que possamos refletir sobre as perdas, que fazem parte da vida. Os tempos difíceis chegam para todo mundo, mas assim como os gafanhotos passam, os tempos difíceis também passam.
Portanto, se não podemos controlar a lágrima e nem o sorriso, seremos mais felizes vivendo ao lado de Deus todos os dias, para podermos ser restaurados e sustentados por sua Palavra, a qual nos diz: alegrai-vos! Regozijai-vos no Senhor, porque ele vos dará o sustento em justa medida.
Escrito por:
Rev. Ailton de Oliveira