"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados." (Mateus 5:4)
De lugares distantes, vinham muitas pessoas humildes à procura de Jesus. O olhar enternecido do Senhor percebia naquela gente, tristeza, dor e sede por consolação. E depois de tanto andar pela Galileia ensinando o Evangelho do Reino, nas sinagogas e em diversos lugares, depois de curar muitos doentes, endemoniados e paralíticos, Jesus foi para o monte, onde passou a ensinar seus discípulos. O amor personificado estava ali em forma humana e divina, solícito aos sentimentos daqueles que choram.
Há quem pense que chorar seja sinal de fraqueza. Em certos casos, recai sobre a face de quem chora, o rótulo de covarde, ao externar seus sentimentos mais sinceros, diante de um descontentamento amargo. A figura clássica do guerreiro que não se abate, está presente na imaginação de quem se esforça para não chorar, com vergonha da exposição pública, mas quando a lágrima vem, é difícil disfarçar a realidade humana. Ainda que a pessoa oprimida lute até a última gota de suor com bravura, vale dizer que chorar é natural e faz bem como válvula de escape. Afinal de contas, quem não chora?
Chorar por si mesmo é salutar, pois especialistas em saúde explicam que o choro tem função analgésica, que ajuda a oxigenar o corpo, que regula a temperatura do cérebro e trás muitos outros benefícios para o corpo e para a mente. Sendo assim, chorar é humano e necessário!
“Chorar com os que choram” é coisa de cristão (Romanos 12:15), porque denota empatia, amor ao próximo. A Bíblia conta que Jesus também chorou. Quando Maria lançou-se aos seus pés chorando, por causa da morte de seu irmão Lázaro, Jesus ficou intensamente comovido em seu espírito e chorou (João 11,32-36).
Chorar na tentativa de ajudar alguém é fruto do amor de Deus plantado no coração. Na Carta de Hebreus está escrito: "Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade" (Hebreus 5,7). No Getsêmani, que significa: prensa de azeite, Cristo chorou lágrimas de sangue, mas cumpriu o seu propósito até o fim. Desta forma, as lágrimas de Jesus nos trouxeram a esperança da vida eterna.
A lágrima pode sinalizar uma restauração. Pedro chorou amargamente ao se arrepender de um erro grave (Lc 22.62). Da mesma forma, a alma redimida pelo Espírito de Deus pode chorar, quando o cristão quebrantado reconhece algum erro cometido e confessa, com lágrimas, o seu pecado ao Senhor.
Com a mente vivificada em Cristo, os filhos de Deus podem chorar de alegria, ao perceber em seu íntimo, a consolação do perdão e a esperança de um novo começo, na certeza de que “as misericórdias do Senhor [...] se renovam a cada manhã” (Lamentações 3:23).
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”
Escrito por:
Rev. Ailton de Oliveira