“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mateus 5:5)

Por onde Jesus passou pregando a paz, havia gente disputando o poder com animosidade bravia. Os homens filiavam-se a um dos partidos e pelejavam para controlar a política e a religião, acreditando que desta maneira poderiam melhorar o mundo real, a partir de conceitos e valores que consideravam ideais.

Ao partido dos Herodianos, importava muito os interesses do rei e pouco valia o que o povo pensasse; os Publicanos cobradores de impostos eram odiados pelos judeus, mas agradavam ao Império Romano; os Saduceus se valiam da retórica intelectual de maneira sagaz, para controlar a justiça; os Fariseus e Escribas eram extremamente legalistas, “hipócritas”, mas toleravam os romanos, por razões políticas; os Essênios se isolavam da sociedade e viviam no Deserto, aguardavam o aparecimento do “messias libertador”; os Zelotas pegavam em armas e eram os mais violentos. A corrida pelo poder atraia pessoas inflexíveis, arrogantes e truculentas. Mansidão era uma característica, que podia ser mais facilmente encontrada nos pobres e necessitados das periferias.

A religião judaica prestigiava os escritos dos antigos profetas, entre os quais, havia o texto de Isaías 29.19 dizendo: “Os mansos terão regozijo sobre regozijo no SENHOR, e os pobres entre os homens se alegrarão no Santo de Israel”. Porém, no texto do Evangelista Marcos 7:6, Jesus usa outra referência do mesmo profeta, para chamar os Escribas e Fariseus de hipócritas, citando Isaías 29:13, que diz: "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. Portanto, eles aprendiam sobre mansidão, mas não praticavam.

Os partidos tinham conceitos diferentes e eventualmente aconteciam debates acalorados, mas em uma coisa havia concordância: aquele moço chamado Jesus estava tomando para si, o território de todos eles. Uma pessoa mansa conquistando a crença do povo, com palavras agradáveis.

Qualquer indivíduo sem partido, que se destacasse contrariando os interesses da maioria, colocava-se em risco de morte. Não se respeitava a brandura dos humildes. No entanto, Jesus aparece naquela “terra de ninguém” e profere, segundo relata Mateus 5:5, as mesmas palavras do Salmo 37:11, que diz: “...os mansos herdarão a terra”.

Existem pessoas não cristãs que são extremamente mansas, mas quem é cristão tem o compromisso de praticar a mansidão, porque o discípulo segue o exemplo do Mestre. Jesus nos ensina a partir de seu próprio exemplo em Mateus 11.29, declarando assim: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma”.

O Apóstolo Paulo, imitador de Cristo, ensina a igreja a cultivar a mansidão, por ser ela um comportamento inerente ao Fruto do Espírito, como diz em Gálatas 5: 22 a 23. A palavra mansidão também pode ser encontrada em diversas cartas às igrejas do Novo Testamento, no propósito de ajudar os cristãos a terem uma vida bem-aventurada.

Cultivar a mansidão deve ser um esforço diário, na tentativa de desarmar o estresse, a impaciência, a provocação dos outros, o sentimento de vingança e muitos outros motivos comuns que causam incômodo pessoal e rixas. A mansidão é um condicionamento mental que vale muito a pena, porque atrai benefícios para o corpo e para a alma.

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

Escrito por:
Rev. ­Ailton de Oliveira