De onde Jesus conversava com seus discípulos, podia-se avistar uma multidão vagante que o procurava, “como ovelhas sem pastor”. Dentre as muitas lições ali ensinadas, disse também o Mestre:
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mateus 5:6).
A sentença citada acima, nos faz entender que há recompensa para o indivíduo honesto, considerado como justo frente à sociedade e diante de Deus.
Ao interpretarmos a expressão “fome e sede de justiça”, à luz de seu contexto original, observa-se a prevalência de uma cultura que utilizava a Lei Hebraica e Escritos Proféticos, como base para discernir o que era justiça e injustiça. Nossa raiz judaica-cristã ensina que, o mesmo Deus que criou o Mundo, também configurou nos homens o senso ético e moral. Portanto, os discípulos de Jesus poderiam resumir a palavra justiça em: fiel obediência a Deus e honestidade integral para com os homens. Posteriormente, o Mestre reitera o mesmo tema, dizendo: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
Havia também entre a multidão, religiosos com aparência de justiça, mas que na realidade eram corruptos, pois defendiam um padrão legalista de justiça de forma radical e não a praticavam integralmente. Em Mateus 23, Jesus chama os escribas e fariseus de hipócritas, porque eles não respeitavam as viúvas, distorciam a Lei e praticavam diversas formas de injustiça contra os homens e contra Deus.
Justiça é uma palavra revigorante para uns e pesada para outros, porque “um dia a cobrança chega”, de alguma forma. Movidos por apetites emocionais, há quem escolha viver de maneira desregrada, negociando princípios salutares da boa educação e distorcendo a verdade, a fim de mascarar ações impróprias, por motivações particulares.
Já a pessoa que tem “fome e sede de justiça”, pensa no bem comum e ama o seu próximo, sabendo que a disciplina em boas práticas observada em seus atos, pode trazer proveitos pessoais e contribui para a preservação da paz em seus relacionamentos. Por isso, se todos tivessem “fome e sede de justiça”, o mundo seria mais justo e todos seriam fartos de toda forma de bem.
Para quem trilhou o caminho da injustiça, ainda há tempo de corrigir, mas precisa começar logo. O ser humano encontra seu equilíbrio ético, moral e assertivo, na providência que emana do Criador do Universo. Alimentando-se da doutrina bíblica, o crente sacia sua “fome e sede de justiça“, no farto alimento espiritual e profético das Escrituras, no banquete de sabedoria que vem do Alto, na orientação divina para o dia a dia, na consolação do Espírito Santo, na esperança de dias melhores conquistados pela fé.
Por intermédio de Cristo, o ser humano corruptível torna-se um ser justificado, “transformado de glória em glória”. Então receba hoje a palavra de Jesus: “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”.
Escrito por:
Rev. Ailton de Oliveira