Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Mateus 5:7)

Entre os tipos de gente que circula nas ruas, há um grupo presumivelmente esquecido da lista de políticas públicas, porque só tem aumentado o número de pessoas sobrevivendo na penúria, dormindo na sarjeta e apontadas como problema urbano. Perto do perigo e longe da escola, a criança descalça e faminta pede moedas no sinal de trânsito, fazendo malabarismo com bolinhas. Enquanto isso, uma mãe com criança no colo, pede com voz triste, uma ajudinha: “pelo amor de Deus…Deus te abençoe moço!” Ao doar uns trocados, o moço gentil pergunta a si mesmo, se de fato foi misericordioso ou se apenas sustentou a alienação da pedinte em seu hábito de pedir. Quem sabe, se não lhe der o dinheiro, o pedinte busque outra alternativa próspera? Contudo, são pessoas dignas de misericórdia.

A fragilidade humana assume outros nomes, enquanto o ser carente definha no cansaço gerado pela incerteza e por seus problemas. A necessidade nem sempre é aparente, pois carece da misericórdia de quem possa ajudar, a pessoa que sofre de solidão, sofre suplicando pelo perdão de alguém, sofre em busca de respostas, ou sofre por não ter quem possa simplesmente ouvir sua verdadeira história. Portanto, aqueles que sofrem são o tipo de pessoa, que o misericordioso atrai para perto de si.

Jesus destaca a importância e a recompensa dos misericordiosos, em um contexto histórico, onde a prática da misericórdia era negligenciada por autoridades religiosas que defendiam as Escrituras do Deus de misericórdia. Em seu Sermão do Monte, Cristo se refere à misericórdia no sentido amplo, afirmando que, a pessoa que acolhe alguém em estado de angústia, de alguma forma adquire para si, uma graça equivalente, ou seja, “os misericordiosos alcançarão misericórdia”. Receba esta promessa em seu coração e a veja pelo lado natural da vida, ou como uma tendência comportamental impreterível, ou como uma bênção espiritual, mas de toda forma acredite em Jesus, pois exercitar a misericórdia é imitar uma virtude de Deus, porque Deus age com misericórdia com o homem.

Seja qual for a aplicação da palavra misericórdia em cada caso encontrado na Bíblia, seu significado sempre culmina na referência fundamental do Deus Pai, que se compadece do ser humano em seu estado de pecado e miséria, como bem explica em Salmos 103:13: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem”.

Ser uma pessoa misericordiosa é ser instrumento do amor de Deus no mundo; é cultivar um coração bondoso; é enxergar uma alma faminta caminhando na escuridão da madrugada; é perdoar quem não merece ser perdoado; é ajudar aquele que já negou ajuda; é ouvir e enxugar a lágrima de quem chora; é oferecer o bem sem esperar recompensa. A estes benfeitores voluntários, por tão nobre virtude, chamamos de: misericordiosos.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Mateus 5:7)

Escrito por:
Rev. ­Ailton de Oliveira