Avisado pelo Profeta Natan, o Rei Davi estava ciente de que seu envolvimento afetivo com Bete Seba, esposa do soldado Urias, resultaria em graves consequências. Para encobrir seu pecado, Davi colocou Urias na frente de batalha para morrer, e assim aconteceu. Com isso, a viúva ficou disponível para tornar-se mulher do rei e um filho nasceu dessa união que começou de maneira errada. Mas em seguida, a criança adoeceu gravemente.

“Buscou Davi a Deus pela criança; jejuou e passou a noite prostrado em terra. Então, os anciãos da sua casa se achegaram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis e não comeu com eles”  (2 Samuel 12:16-25).

Após sete dias, os servos do rei tiveram que lhe entregar a dramática notícia da morte da criança, mas ficaram surpresos com a revirada de ânimo do rei, ao verem Davi levantar-se do chão, aparecer de vestes limpas e se alimentar normalmente, depois de saber que aquele filho não retornaria aos seus braços. O rei tão somente consolou a mãe da criança e retomou suas atividades regulares. Quando foi questionado sobre essa mudança repentina, Davi explicou o que sentiu, o que fez, o que não adiantava mais fazer, e depois de tudo se conformou.

Se conseguirmos aprender com a experiência dolorosa do rei Davi, identificando em que área de nossas vidas esse exemplo se aplica, talvez possamos nos poupar de sofrimentos incessantes, pois como bem disse o rei Salomão: “O coração do ser humano pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor” (Provérbios 16:1). Se o primeiro filho de Davi e Bete Seba foi visto como fruto de um erro humano, o segundo filho do mesmo casamento: Salomão, revela-nos a misericórdia de Deus que, por seu amor, transforma uma situação que começou muito errada em uma nova história, cheia de prosperidade e sabedoria divina.

O ponto conclusivo desta breve reflexão bíblica, está na capacidade do crente se reerguer do mais profundo opróbrio e retomar a normalidade em sua vida cotidiana, apesar das memórias de um passado errante. Para isso, é essencial confiar no Deus de misericórdia, que perdoa e está sempre interessado em transformar a história que começou mal em uma nova história abençoada. O que ficou para trás corresponde ao que não retornará, por isso, continuar sofrendo não traz benefícios diante da vastidão da vida que o Criador nos dá de presente.

“...Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:13,14).

Portanto, apesar de tudo, é preciso seguir em frente.

Rev. Ailton de Oliveira